Viajar de táxi é bom, né?
É confortável e te deixa na ponto certo sem a gente precisar andar para completar o nosso destino. É óbvio que se tem um custo maior do que o ônibus comum, mas te tira do perrengue. Exemplo de perrengue: Na madrugada não tem mais o busão, estica o braço e se joga no banco do táxi.
Fazia muito isso quando era solteira e dava as minhas saídas de final de semana pela noite. Como minhas festas e sambas eram na maioria das vezes na Zona Norte carioca, eu colocava um $$ extra naquele bolsinho da calça ou naquela partezinha "secreta" da bolsa e saía lépida e faceira para as minhas batucadas. E quando eu sentia que eu já estava virando abóbora ( kkkk...), esticava o braço, me jogava no bando de trás da carruagem amarela e dizia pro piloto: "Avenida Oswaldo Cruz, bairro do Flamengo, por favor?!". E lá ía eu feliz da vida e chegava linda (depois de uma madrugada, acho que nem tão linda! kkk...) e segura na porta da minha casa.
Quando vim pro morro, pegar um táxi não ficou mais tão fácil e simples assim.
Se eu não me engano, a primeira vez que precisei pegar um táxi para subir a ladeira, foi quando eu estava no Flamengo e cheia de bolsas. O morro já era pacificado. Normalmente estiquei o braço e o dedo. Era só falar que era pra cá que o taxista já indagava assustado:" Na Mangueira?????!!!" E eu: "Não, não senhor é aqui no Leme, Ladeira Ary Barroso...".
Poucos subiam e muitos não. O primeiro motivo MEDO. Medo de ter o táxi levado lá em cima, medo por eu ser de uma quadrilha e levá-lo para uma furada, medo por já ter sido assaltado antes em alguma favela ou morro e feito a jura para consigo mesmo e que nunca mais iria em uma comunidade, medo porque tá devendo por algum vacilo que deu lá na área... O segundo motivo PRECONCEITO. Por achar que todos que moram em morro e favelas são negros e marginais. Pobreza!!
Ficava puta(ainda fico, só que por dentro)!! Cheguei a bater muita porta de táxi por causa disso! Ficava mais passada por causa do preconceito!
Mas, meu marido me disse para eu ter calma. Que não vale à pena bater boca, se estressar com eles. Que o cara já senta ali na frente do volante já devendo diariamente por volta de R$ 100, 00 a R$ 120,00 (Palio, Gol, Santana... carros de pequeno porte) e de R$120,00 a R$ 140,00 (Doblo, Fox, Meriva... carros de grande porte). Isso se o taxista não tiver a Autonomia que custa por volta de R$ 80 mil a R$ 100 mil.
Uma coisa que reparamos é que a maioria só sobe mesmo por estar precisando muito do $$ pra pagar a diária do táxi.
Aquele que já tem a Autonomia, vai aonde quiser, pois o carro é dele.
Por outras vezes para não ficar na rua levando não de taxista, eu ligava para essas cooperativas, algumas subiam. Agora nem essas algumas sobem mais.
Até entendendo o lado deles,pois se a área tá com o bicho pegando, é lógico que o taxista não vai entrar. Até mesmo pela integridade física dele.Mas eu prestaria mais atenção e me informaria melhor sobre os morros e favelas.
Teve um Natal, acho que de 2010, que Hamilton foi me buscar lá no Flamengo e já passava bastante da meia noite. Pegamos o táxi e Hamilton fez a clássica pergunta: "Por favor, pode nos deixar no Chapéu Mangueira?". O taxista concordou e seguimos viagem. Quando chegamos na entrada da ladeira, ele deu uma avançada e meu marido chamou educadamente a atenção dele dizendo que a ladeira era ali atrás. Sabe o que ele disse? Que não iria subir. Aí, Hamilton com sua calma de monge budista disse que tudo bem e que já que ele não prestou o serviço completo ele não iria pagar pela corrida e que se quisesse ir para a delegacia, tudo bem, pois já havia uma patrulha da polícia(UPP) ali perto de nós. Aí o cara viu que estava errado e nos deixou sair sem pagar pelo serviço mal feito.
Aí, vocês me perguntam: "Mas não tem kombi e nem mototáxi aí no morro?"
Respondo: Olha, até tem uma Kombi que era velhinha e agora trocaram por uma nova. Tem moto, mas tem uns pilotos que voam pela ladeira. São poucos em quem confiamos e também não é a noite toda que as motos e a chumbreguete (Kombi) fica subindo e descendo a ladeira.
Eu e meu marido achamos que nem precisava ser a noite toda. Kombi e motos poderiam ficar até pelo menos no meio da madrugada. Pois tem os idosos, por exemplo, que por muitas vezes deixam de sair para algum tipo de diversão por não ter Kombi e nem moto para retornar a suas casas.
É minha gente, essa é uma das diferenças que senti e dificuldades que a galera (e agora eu) que mora aqui no morro sofre.
Vamos ver e ter fé para termos Kombis e moto-táxi a noite toda, fazendo chuva e sol, para levar a galera do Chapéu e da Babilônia para os seus destinos.
Os idosos, gestantes, pessoas com crianças de colo e deficientes irão agradecer muuuuuuuuito.
É amigo, ralação. Já atendi um paciente aí no Chapéu, subia de mototaxi, pois à tarde. Mas sei que não é fácil, e já senti algo parecido, pois moro em Maria da Graça, mas perto do Jacaré. Nunca deixaram de me trazer, mas perguntaram: "Essa rua é perto do morro?" então sei como é...
ResponderExcluirAcho que todos deveriam ter igualdade de tratamento.
Beijos!!!
È isso ai cara Ana Paula, sei que ñ é fácil, já passei por várias situações parecidas...rsrsrsrsrs!
ResponderExcluir